Amiga genial #3: Claudia Assef
Coluna especial da newsletter Espiral para apresentar mulheres geniais
Para ouvir: Cuide de Você, Claudia Assef
Nos anos em que produzi festas de música eletrônica em São Paulo, a Claudia Assef apareceu no meu radar e eu queria muito conhecê-la, mas levamos um tempo até a gente se cruzar de fato.
Nós nos conhecemos pessoalmente alguns anos depois, quando ela era editora do Vírgula e eu era sócia da Remix Social Ideas. Na época, ela buscava uma agência para reposicionar o portal e nos contratou para o projeto. As diversas reuniões que tivemos ao longo de quase um ano foram nos aproximando até o momento em que passamos a fazer parte da vida uma da outra.
Uma das maiores referências sobre música no Brasil, a Clau, como nós a chamamos, coleciona uma lista de adjetivos para descrevê-la. Ela tem um currículo de brilhar os olhos e faz qualquer pessoa apaixonada por música querer ser amiga/amigo dela. Ela tem até uma página na Wikipedia para chamar de sua, o que eu acho muito chique. A Clau é jornalista, DJ, produtora musical, cantora, escritora e mãe. Ela é múltipla e multifacetada.
Além de ter passado pela redação das principais revistas e jornais brasileiros, esteve também por trás da criação e produção de alguns dos eventos de música eletrônica mais importantes de São Paulo, como o Skol Beats, Nokia Trends, Motomix e Sonarsound.
É autora dos livros “Todo DJ Já Sambou”, leitura obrigatória para quem gosta de música eletrônica, “Ondas Tropicais”, uma biografia da Sonia Abreu, a primeira DJ brasileira, e “O Barulho da Lua”, biografia do DJ e produtor Anderson Noise; é criadora do site Music Non Stop; foi minha sócia numa empreitada chamada Marfa, em que juntas produzimos festas de rua em São Paulo e criamos o Dia da Música Eletrônica de São Paulo por dois anos consecutivos; é mãe de duas meninas fabulosas, a Maya e a Luna.
Um de seus principais projetos é o WME - Women’s Music Event, conferência e premiação dedicados à promoção da presença feminina na indústria da música, hoje provavelmente o maior evento do gênero na América Latina e a cada ano cresce mais. A conferência rolou recentemente e a Clau já está focada no WME Awards, que acontece ainda em 2022. Ela me contou que em breve lançará novas frentes no seu site Music Non Stop. Ou seja, ela está desde sempre causando revoluções na cena musical brasileira das mais diversas maneiras.
A Clau sempre tem uma ótima história para contar, mas uma que eu acho muito curiosa, é ela ter sido a DJ oficial do casório do baixista Adam Clayton (U2), numa mansão no sul da França. É cheia de amigas geniais, como a Blessed Madonna, para quem abriu o case e deu uma aula sobre música brasileira para um episódio do podcast que a DJ mantém no BBC Sounds (infelizmente o episódio não está mais no ar), e da Ellen Allien, com quem coleciona histórias vividas juntas pela América do Sul.
Além do currículo memorável, a Clau é uma das pessoas mais animadas, generosas, inteligentes, criativas e engraçadas que conheço. Ótima companhia de viagens, de festival, de pista, de vida. Eu sinto falta dela todos os dias e sempre anseio pelos nossos reencontros.
A Clau está sempre sorrindo, sempre inventando, sempre trabalhando… eu sempre invejei como ela consegue fazer tantas coisas geniais ao mesmo tempo.
Ela é uma das minhas amigas mais rock’n roll e a própria simpaticona da boate. Qualquer coisa que você queira saber sobre música de qualquer época, inclusive a que estar por vir, pode chamá-la que ela saberá responder.
Eu fiz algumas perguntas do Questionário Proust e pedi algumas dicas para ela, confira o nosso bate-papo:
L: Qual sua noção sobre felicidade?
C: É estar no presente, pensar menos no "como vai ser quando eu realizar x, y, z". Posso dizer que tenho andado bem feliz porque, apesar de sempre ter muitos planos (quem me conhece, sabe que eu não paro), estou bem assentada neste meu "hoje" rs.
L: Se você não fosse você mesma, quem você seria?
C: Muitas vezes eu queria ser você, porque você é uma pessoa que eu admiro demais e sempre vibro com o que está fazendo no momento. Mas também gosto de me imaginar em outra época remota, sendo por exemplo a Siouxie Sioux lá nos anos 1980 (a fã), a Olivia Newton John da época de Xanadu rs ou a Donna Summer vivendo a emoção de cantar I Feel Love pela primeira vez.
L: Qual seu/sua escritor/escritora favorito/a?
C: Eu amo Machado de Assis, e sei que isso pode parecer um pouco demodê, e nesse momento confesso que sou uma enorme fã da Djamilla Ribeiro e, claro, do Itamar Vieira Junior e da Elena Ferrante. Como sou jornalista também tenho entre minhas referências Nelson Rodrigues (em especial a Suzana Flag) e Hunter Thompson.
L: Qual seu artista favorito da vida?
C: Que difícil!! Mas acho que vou responder Michael Jackson pela complexidade dessa alma e pelo legado musical que deixou.
L: Qual festival está na sua bucket list?
C: O Moogfest, que quero ir conhecer com você!!!
L: Indica pra mim um livro, um filme, uma série e um álbum?
C: Ando muito apaixonada pelo livro Torto Arado. Um filme clássico pra mim é “Cidade dos Sonhos”, e o meu favorito é “Big Lebowski”, dos irmãos Cohen. Uma série "recente" que me fez lembrar dos meus tempos em Paris foi “Dix Pour Cent”. Álbum não consigo escolher um só também: “Ruby Blue”, da Róisín Murphy, e “We”, do Arcade Fire são os discos de hoje.
L: Algum podcast no radar?
C: Medo e Delírio em Brasília, porque tá foda nossa vida aqui no Brasil, é preciso ter humor e desopilar o ódio.
L: Uma amiga genial para furar a minha bolha e trazer para a próxima newsletter?
C: Renata Simões.
E deixo essas dicas para você que chegou até aqui:
Bonita de Pele: amigas que nos inspiram, com Antônia Petta e Luísa Matsushita (aka Lovefoxx) - esse episódio está divertidíssimo e cheio de referências para quem viveu a moda e a noite paulistana na primeira década dos anos 2000.
Autopublique-se: Oficina de Zines, com a jornalista e escritora Lívia Aguiar, da newsletter À toa pelo Mundo, e a artista visual Carmen Garcia. Vai acontecer uma edição no próximo dia 23 de julho, em São Paulo, e no dia 18 de setembro, no Festival de Poesia de Lisboa.
Arlo’s tunes, uma playlist de 10 horas com as músicas favoritas da Arlo Parks. E o álbum “Midnight Rocker”, de Horace Andy.
“Ela e eu”, filme brasileiro de Gustavo Rosa de Moura, estrelado pela Andrea Beltrão, que está na minha lista para ver quando eu estiver em São Paulo. A vontade em assisti-lo só aumentou depois que li a entrevista que Beltrão deu para a Monica Bergamo.
sou fã da claudia! não conheço, mas queria hehe ameique você usou as perguntas do proust.
Parabéns pela coluna, Lalai! E que forma de começar bem! Sou fã da Claudia Assef e muito grato por todo o trabalho que ela tem registrando e documentando a música eletrônica. Aprendi muito com ela.