Espiral #112: Os melhores do 1º trimestre
Um rápido pout pourri com algumas coisas que aguçaram os meus sentidos nesse início de ano.
Olá, eu sou a Lalai e essa é a Espiral, newsletter dedicada a assuntos aleatórios, desde o meu dia a dia em Berlim à música, arte, cultura, inovação e literatura, além de trazer sempre dicas de assuntos que andam revirando meus sentidos. Considere apoiar mensalmente a Espiral. ♡
Trilha sonora para essa newsletter: Dias Raros, Melenas. Se você gosta de Stereolab, vai curtir essa banda espanhola.
Dias calorentos e agradáveis entraram no calendário de Berlim no mês mais ariano do ano: Abril, mês que adora surpreender. Ele é quem manda! Hoje estamos no parque com um mínimo de roupa possível tomando sol, amanhã estamos espiando a neve pela janela. Por ora, apenas o sol chegou trazendo com ele uma poeira fina do Saara, que ainda me surpreende por chegar tão longe. O céu azul se esconde por atrás de uma camada terrosa muito fina que me lembra os dias poluídos de São Paulo.
A temperatura tem ultrapassando os vinte e cinco graus para a alegria de todos os necessitados em tirar o mofo da pele. Parques lotados, cerejeiras explodindo cor-de-rosa formando tapetes coloridos nas ruas, terraços de bares e restaurantes disputados a tapa. Domingo gratuito no museu? Tem quem foi, mas em casa a decisão foi se embrenhar na natureza, pedalar à margem da água e encontrar amigos a céu aberto para um picnic. Ficar dentro de casa somente para trabalhar, comer e dormir.
Junto com esses dias vibrantes, veio uma animação desmedida. Canto no chuveiro e na mesa do café da manhã, para o azar do meu marido. Só lamento o fato de estar tão atrapalhada por ter me dado conta de que meus dias multi-tarefa estão contados. Gosto cada vez mais de fazer uma coisa por vez. Meu cérebro, tão acostumado ao tumulto, falha. Não entende o que está acontecendo.
Enquanto alinho os astros e a bagunça toda, fiz uma lista pequena, mas rica com assuntos que mexeram comigo nesses três primeiros meses do ano. Dá para acreditar que já estamos quase na metade de abril? Eu não acredito que já já é meu aniversário de novo!
Na semana que vem eu embarco para a abertura da Bienal de Artes de Veneza a trabalho, o que confesso: Me deixa um bocado emocionada. Quem estiver por lá, me dá um alô.
Como sou adepta de mudanças, aproveitei essa edição para experimental um outro formato. Me contem se curtiram e bora para a listinha, porque hoje eu estou no corre.
Vice Guide Culture 2024
Por algum tempo eu pensei em explorar o comportamento da minha geração, que ganha muito menos holofote que as mais jovens. Mas não tem jeito: Eu sou fascinada pela cultura jovem e em como ela molda o mundo.
O relatório de cultura da Vice deste ano foi um dos relatórios mais interessantes que li sobre a Geração Z, essa geração tão contraditória, que outras gerações adoram criticar. Prefiro acreditar que ela será capaz de promover mudanças tão drásticas no mundo, mas talvez ainda não estejamos compreendendo muito bem essa transformação
O relatório aborda diversos temas: Inteligência artificial, propósito, identidade, conexão, comunidade, entre outros assuntos. Destaco 4 pontos:
As histórias das marcas precisam envolver as pessoas, fazendo com que se sintam parte da história, não apenas observadores. Isso valoriza momentos simples e autênticos da vida diária.
Os jovens gostam de explorar assuntos em profundidade, preferindo conteúdo mais longo e que aborde temas específicos que os interessem.
Os fãs de determinados assuntos refletem estilos de vida e gostos particulares, levantando questões sobre como as marcas se relacionam com eles e como as tendências se espalham globalmente.
A inteligência artificial está se tornando mais sofisticada, podendo até entender as emoções das pessoas para atender melhor às suas necessidades, o que é importante acompanhar de perto.
Como fica o futuro do trabalho e da cultura empresarial, uma vez que a maior reclamação sobre a Geração Z é sua falta de comprometimento profissional? Roubo a frase da Amy Davies, VP Insights Vice:
"A Geração Z se cansou das mesmas coisas - será hora de fazer as coisas de forma diferente?"
Li um post da Sarah-Jane Benham que resume muito bem o relatório - copio abaixo na íntegra:
“O poder dos pequenos momentos 🌈✨
A busca pela profundidade em vez de cliques 🧠🔍
O valor das recompensas personalizadas 🎁🛍️
A importância de contar histórias relacionáveis 📖🎬
A necessidade de despertar a autodescoberta 🌋✨
A necessidade de acessibilidade multiplataforma 📱💻
A importância da participação centrada na comunidade 🤝🌍
O impacto do orgulho pessoal e dos valores compartilhados 🌟💪”
Separa um tempo e para ler o relatório completo aqui. Caso ainda não tenha explorado, recomendo também o relatório Vice 2030.
Assisti "Why We Tell The Stories We Tell", dos Daniels, por recomendação da Beatriz Guarezi, do
, e valeu cada minuto da palestra que eles fizeram no último SXSW.A dupla oferece insights valiosos para profissionais criativos, explorando o conceito japonês de Ikigai, que trata da busca e realização do propósito na vida, combinando paixão, missão, vocação e profissão. Eles o integram habilmente em sua discussão.
Eles também discutem o paradoxo da inteligência artificial e o dilema de não querermos depender dela, ao mesmo tempo em que não desejamos ficar para trás. E, é claro, explicam por que é importante abraçar o absurdo em um mundo onde nos esforçamos tanto para nos conter e evitar sentir todas as emoções.
Os Daniels são diretores e roteiristas de "Everything Everywhere All At Once". Está com tradução para o português.
"Something in the Room She Moves", da Julia Holter, é um dos álbuns mais bonitos que ouvi esse ano. Repleto de sintetizadores e metais leves, Julia Holter criou a trilha sonora perfeita para a primavera.
Esse álbum me fez render ao presente, apreciando a paisagem que aos poucos vai mudando de corpo e cores na frente da minha janela. É uma lindeza só.
Eu sou uma grande fã de escrever diários, inclusive às vezes trago trechos dele para cá. Tenho usado o aplicativo Day One há alguns meses e adorado pela facilidade: Ele está tanto no meu celular quanto no desktop. Tem diversas funcionalidades, como inserir fotos e/ou vídeos, localização, data e hora de maneira automática, conecta com conta do Instagram, tem gravador, entre outras coisas. A versão gratuita é bem simples, mas difícil não se render à versão Premium.
🌐 Adorei o tratado sobre a internet da
;🎧 "Happiness is complicated", do 'anything goes with emma charmberlain'. Não sei se notaram, mas o Spotify tem transcrição automática nos podcasts;
🕺 No dia 7 de junho, Peggy Gou lançará seu primeiro álbum, "I Hear You". Recentemente, ela divulgou um divertido videoclipe para a música "1+1=11", no qual ela dança ao lado do artista Olafur Eliasson em seu estúdio em Berlim;
📺 Se você está precisando de um quentinho no coração, assista a série animada "Carol and the End of World", na Netflix;
📻 A lista das listas, do Pena Schmidt, traz os álbuns lançados em 2023 que a gente não deveria deixar de ouvir. Claro que já criaram uma playlist com todos os álbuns;
🎛 Eu já indiquei, mas talvez tenha passado batido por aí: A Barbara Boeing fez um set só com covers de músicas famosas gravadas em idiomas diferentes da original. Perfeita para levantar o astral se ela anda em baixa por aí.
Por hoje é só!