Ensaio há anos ter uma newsletter para compartilhar a minha vida vivida em abas do chrome e em andanças pelo mundo, mas a procrastinação venceu. Aproveitei o início da minha quarentena (e o privilégio de poder estar nela, não vamos esquecer disso), para colocar antigos projetos no ar. A newsletter, aprender Photoshop e a fazer colagens são os três primeiros.
Atualmente ando imersa em leituras e pesquisas sobre música experimental e estudos dos sons (e quase monotemática). Coleciono, além de abas, revistas como a Wire e a nova 20Seconds, festivais (em stand by), livros e cursos no Coursera. Mas meu dia-a-dia não é feito só sobre música. Não ter uma rotina fixa e estar praticamente sem job no momento me traz o desafio de aprender a administrar o tempo da maneira mais criativa possível. Então criei uma lista diária de afazeres que tem me ajudado, mas ainda estou longe de chegar no formato ideal, mesmo com a experiência de ter passado os últimos anos sem um escritório fixo.
Entre um curso e outro que faço nos trancos e barrancos, o que eu realmente tenho me dedicado é ao estudo da língua inglesa, porque preciso dela mais do que nunca e passou da hora de eu ter um inglês bem decente. O alemão, que eu já me entreguei a um intensivo, deixei em segundo plano, mas volto nele ainda em 2020. Por que eu o deixei para depois? Porque sei que vou levar alguns anos para falar razoavelmente bem, então decidi resolver o que está mais fácil primeiro.
Ao contrário dos últimos 5 anos em que não parei de viajar, agora decidi estacionar por um tempo para fazer a minha vida engrenar em Berlim e assim eu me sentir mais em casa. Não é fácil.
A ideia da newsletter é compartilhar achados e assuntos que me inspiraram, sejam eles relacionados à música, arte, viagens ou qualquer outra coisa que faça meus olhos brilharem. E, quem sabe, trazer discussões ou trocas interessantes relacionadas aos esses assuntos.
Para não me estender mais do que já me estendi (preciso dar fim à minha prolixidade), selecionei alguns assuntos que impulsionaram o início dessa semana:
O artista americano KAWS lançou uma exposição pública em inovadora intitulada "COMPANION (EXPANDED)" criada em realidade aumentada. Ela acontece simultaneamente em 12 cidades. Para vê-la é necessário o app Acute Art e poder circular numa das cidades escolhidas.
Malcolm Gladwell afirmou em seu livro "Fora de Série" que são necessárias 10 mil horas de aprendizado para ser expert em algo, porém a teoria foi rebatida por alguns. Josh Kaufman foi um deles afirmando: é possível aprender algo novo em 20 horas. Kaufman cita que Gladwell partiu de estudos de assuntos extremamente complexos como o xadrez para chegar nesse número, mas você pode querer apenas aprender a tocar bem um ukulele.
Que a música eletrônica é bem machista, a gente já sabe, mas aos poucos vemos a cena mudar. Há meses entro na lista de "12 artistas emergentes do mês para conhecer" da DJ Mag e conto quantas mulheres estão nela. Finalmente na edição de março rolou 50/50. Continuarei de olho! Para quem se interessar mais pelo assunto, o female:pressure liberou sua pesquisa FACTS mostrando o crescimento da participação de mulheres, trans e pessoas não binárias na cena de música eletrônica.
Voltando pros primórdios da música eletrônica, vemos que há muita mulher pioneira no assunto. Uma delas é a Daphne Oran, praticamente a mãe do techno. Outra precursora é a compositora francesa Éliane Radigue, nascida em 1932, que eu veria tocar ao vivo essa semana senão fosse o coronavírus. Mas a maioria delas continua obscura na história.
Uma curadora italiana está trabalhando 18h por dia para digitalizar o acervo do museu "Castello de Rivoli" para que o público possa visitá-lo online durante a quarentena na Itália. Todo meu <3 pra ela. Outros grandes museus do mundo também estão com visitas virtuais gratuitas. A Art Basel Online Viewing Rooms abre "suas portas online" no dia 20 de março apresentando mais de 2 mil obras de 233 galerias de arte ao redor do mundo.
Estão surgindo iniciativas interessantes na área de eventos, uma das mais prejudicadas nessa pandemia, para driblar esse momento: weird-stream-a-thon com palestras e shows; todos os concertos da Filarmônica de Berlim disponíveis online; "Where do you go from here" é um encontro para discutir ética em inteligência artificial, biologia sintética e futuros fantásticos; Festival Eu Fico Em Casa, iniciativa com 4 dias de shows com uma ótima oportunidade de conhecer a cena musical de Portugal. Para quem quiser criar um evento online, o Google liberou hangout para até 250 pessoas simultaneamente.
Foi lançado recentemente um livro sobre o Kraftwerk em que mostra como a banda ajudou a redefinir a Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial, quando o país não estava bem na fita. Se quer outras sugestões, pega essa lista que a Bula fez com 10 livros pra ler em tempos de coronavírus.
O universo cyberpunk do cineasta taiwanês Yuen Hsieh.
Reflexões sobre o coronavírus: Por que ignoramos o que rolou na China? Uma freada no consumo e a semana em que começamos a estocar feijão.
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