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Que texto pertinente! Esse ano li Só Garotos e Linha M e criei na Patti uma amiga imaginária, companheira de cafés. E nunca tinha me dado conta dessa essa faceta dela pouco afeita ao feminismo. Tinha reparado que ela era pouco referencial à mulheres, de fato, ao citar as obras que consome. Mas o jeito manso e pouco combativo dela me fez passar direto por isso.

Há muito deixei de acreditar que para ser mulher é preciso se encaixar em performance de gênero. Ser mulher é muito mais do que usar vestido e maquiagem ou gostar de cabelos compridos e brincos. Então a androginia da Patti me parecia uma afirmação do mulherão que ela é, que vai além do que se impunha sobre o que deveria ser o seu papel como mulher. Agora vejo que vem de um lugar de apagamento de luta, talvez de vontade de não embate, que é bem complexo e perigoso. Sigo amando a Patti, mas achei bem pertinente essa camada que você adicionou com suas reflexões.

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Nov 23, 2023Gostado por Lalai Persson

Me pegou isso. Tenho essa de achar que mulheres que não se assumem feministas são aliadas da opressão da própria classe. Como podem fingir que não percebem que mundo limita fêmeas humanas se desejam ser um menino na infância/adolescência? Aproveitam-se para agradar os homens e ter algum benefício? A militância não precisa ocupar a arte, mas é esquisito não colocar no discurso. Enfim, me pegou. Estou digerindo.

Espiral sempre maravilhosa :)

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Primeiramente, que bom que não desistiu da Newsletter.

E segundo, que edição comemorativa maravilhosa, fã de carteirinha da Patti que sou, achei muito bacana as considerações que trouxe pois é algo que sempre reflito sobre quando leio está autora que tanto mexe comigo...

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Nov 22, 2023Gostado por Lalai Persson

Muito louco isso da gente perceber o quanto só lemos maioria de escritores homens durante tanto tempo e o quão pouco de escritoras mulheres nos foi apresentado durante escola e faculdade. Fazem 5 anos que percebi que nunca mais li homens brancos, e foi assim sem querer "querendo" pq simplesmente a narrativa deles não me interessa mais, assim como filmes com protagonistas brancos ocidentais perderam total a graça pra mim. E vejo que isso aconteceu com tantas mulheres da nossa geração, principalmente. Não sou muito de patti smith mas sou de lalai, desde chicken or pasta que ja existia antes de newsletter virar modinha 😄 e obrigada por ser uma leitura tao legal e que super me ajuda a nomear tantos sentimentos. Vida longa a espiral que me apresentou o termo "exaustão de imigrante".

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Cheguei tarde a esta edição, mas que bom que eu a guardei. Que tesouro! Amei amei a análise queer sobre Patti. Vou ficar pensando nela por um tempo. Você arrasou na edição, queria muitas assim ❤️ Acho incrível como você faz estes mergulhos em temas e transforma em conhecimento aqui na News. Um espetáculo

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Obrigada, Lalai. Ainda não tinha visto ninguém falar sobre isso.

Como fã de Patti Smith, esse texto me abriu muitos caminhos e me deu muito sobre o que pensar.

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Patti estampava as capas dos meus cadernos na escola, entre colagens manuais ou ela todinha ocupando aqueles cadernos espirais divididos em 10 matérias (ainda existe isso?).

Me identifiquei demais com seu texto e fico feliz que você tenha decidido publicar ele.

Por aqui, também demorou muito para compreender minha identidade como mulher. Na infância, dividia o guarda roupas com meu irmão, meu cabelo curto e corpo esquelético não deixavam dúvidas de que eu era um menino - eu adorava ser identificada assim.

Foi na adolescência que passei a questionar o por que disso e, por incrível que pareca, Patti foi a porta de entrada para me sentir acolhida por ser uma mulher que não seguia os padrões femininos. Nesta época, escutava muito punk feminino, frequentava os shows, lia feministas. Controversamente, foi Patti que me fez consumir mais e mais arte feita por mulheres.

Seu texto mexeu demais comigo, me fez reviver experiências de uma garota de 20 anos atrás. Por aqui, Patti já é conhecida da minha menina de quase 3 anos, inspirando coragem e liberdade para ser quem bem entender. :)

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Vida longa a Espiral 🌀 💙

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Teu tema de hoje coincidiu por aqui. Ontem vi no cinema o filme de Preciado (Orlando, minha biografia política) e ainda tenho muito o que pensar no não binário. Me interessa. Patti Smith só chegou até mim quando Só garotos estava bombando nas livrarias brasileiras, quase aos vinte anos. Pensando em retrospecto, foi uma das primeiras referências que tive com outras formas de ser mulher. Não sei explicar ainda, mas o uso do termo "feminino" me incomoda. Lendo o que tu escreveu, me pergunto se não é uma recusa ao que nos foi imposto enquanto categoria, assim como a repulsa que Patti diz nessas falas sobre se incomodar com mulheres escritoras presas ao ser mulher.

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