Espiral #88: As 5 coisas melhores de julho
Jonathan Ferr, Rosa Montero, Émile Jar, Taylor Swift e um pit stop na Suécia
Olá, eu sou a Lalai e essa é a Espiral, newsletter semanal dedicada a assuntos aleatórios, desde o meu dia a dia em Berlim à música, arte, cultura, inovação e literatura.
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Trilha sonora bem calminha para esta edição: o belo álbum Baroque, de Susumu Yokota
Olá!
Estou na costa oeste da Suécia numa tentativa fracassada de tirar férias. No entanto, quem hoje em dia consegue parar? Não fui eu quem teve esse sucesso. Os dias de folga que me dei há cerca de um mês aconteceram apenas no campo da Espiral, porque nos demais assuntos e projetos eu segui na labuta. Dei-me conta de que o respiro que eu estava precisando era justamente da newsletter, a qual eu tenho tanto apreço, mas que ganhou contornos de um relacionamento ruidoso nos últimos meses. Confesso, eu não estava dando conta.
Como trazer o prazer de volta quando ele nos escapa pelos dedos?
Quando as minhas relações não vão bem, eu chamo a pessoa para um tête-à-tête para abrir o coração e tentar entender o que está rolando. No caso da Espiral não foi possível. Então eu escrevi, fiz listas, reli edições antigas e tentei encontrar o momento em que a relação desandou. Sigo no processo, mas já mais conectada.
O Ola, o marido, disse que desde que nos mudamos para Berlim ele não me viu parar. Na real, eu não lembro ter parado em algum momento na vida adulta. Estive sempre trabalhando em alguma coisa mesmo que fosse fazendo “social” em evento. Quando eu morava em São Paulo era pior, pois era comum virar a madrugada trabalhando. Mesmo nas tentativas em tirar férias, eu trabalhei. Eu cheguei a levar o laptop para a lua-de-mel e trabalhei um dia numa proposta que eu “precisava” fazer.
Tenho pensado muito sobre “saber parar”. Dar uma pausa. Você sabe? Eu não sei.
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A vida é um acúmulo de coincidências. Quase tudo que li no último mês tinha a ver com os temas pausa, tempo livre, férias, descanso, inatividade, vida contemplativa e assim segue numa lista de coisas sobre o mesmo assunto. O descanso é pesado.
Outras tantas autoras de newsletters que acompanho anunciaram férias, algumas delas com o cansaço tão transparente que vi ele vazar de cada letra da palavra FÉRIAS. Junto tinha um pedido de socorro nas entrelinhas.
Até a Esther Perel anunciou férias da newsletter. Não foi diferente de mim e das amigas que pediram pausa. Perel abriu o texto questionando porque temos tanta dificuldade em parar, inclusive ela. Mas por fim, ela assumiu que está precisando de férias para se reconectar à temas que lhe são tão caros, que são justamente os que ela explora em sua área de trabalho.
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Li recentemente o magnífico “Sem tempo a perder”, da Ursula Le Guin, uma coletânea de textos de não-ficção publicados em seu blog. Num dos primeiros textos, Le Guin divaga sobre o o significado de “tempo extra” ao responder uma pesquisa feita com ex-alunos de Harvard: “Em seu tempo extra, o que você faz? Marque tudo o que se aplica. E assim começa uma lista com golfe, …. Aqui eu parei de ler, sentei e pensei por um bom tempo. As palavras-chaves são “tempo extra”. O que elas significam?”.
Ela discorre sobre o que é tempo extra para quem trabalha: “O tempo sobressalente é aquele que não é gasto no trabalho ou de outra forma mantendo-se vivo, cozinhando […] Mas para as pessoas de 80 anos? O que os aposentados têm além do tempo ‘extra’? […] Quando todo tempo que você tem é sobressalente, é grátis, o que você faz com ele? […] O oposto do tempo extra é, acho eu, tempo ocupado. Em meu caso, ainda não sei o que é o tempo sobressalente porque todo o meu tempo é ocupado. Sempre foi e é agora. É ocupado por viver.”
Ela segue enumerando uma extensa lista de afazeres, desde o tempo ser ocupado com o sono até coisas práticas, como fazer compras no mercado. Por fim, conclui: “Nada disso é tempo sobressalente. Não posso poupá-lo. No que Harvard está pensando? Eu vou fazer 81 anos semana que vem. Não tenho tempo de sobra.”
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Byung-Chul Han escreveu um livro inteiro sobre a “inatividade” necessária, porém escassa, ao ser humano. Ele diz em “Vita Contemplativa” que “nas relações de produção capitalistas, a inatividade retorna como o de fora que é incluído. Nós a chamamos de “tempo livre”. Uma vez que o tempo livre serve para se recuperar do trabalho, permanece preso à sua lógica.” Porque a gente está sempre se ocupando no que é esse tempo de sobra.
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Aqui na Suécia o aquecimento global tem batido violentamente na minha janela. Uma ventania e frio têm me feito não sair de casa. Sorte a minha que tenho uma vista para o mar de cair o queixo de tão bonita. Em São Paulo a temperatura chegou a 31 graus em pleno inverno. Por aqui, ela não chegou ao 15 graus nos últimos dias.
No domingo eu fui a um jantar em que, me sentindo despreparada para um inverno fora do tempo, precisei improvisar vestindo uma blusa de mangas compridas por baixo de um vestido também de mangas compridas e uma jaqueta quente por cima. É verão, mas o mundo se inverteu e o meio do planeta está fervendo com altas temperaturas. Está em ebulição. O mundo está de ponta cabeça em todos os sentidos.
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Mesmo minha tentativa de férias tendo falhado, eu me dei alguns luxos, como ficar na cama até mais tarde e entrar a madrugada vendo TV. Li vários livros que estavam largado no Kindle pela metade, visitei várias exposições, conheci novos lugares em Berlim e agora na Suécia, fui a shows que fizeram minha alma esquecer das mazelas do mundo.
Fui ao Rave the Planet, uma rave de techno que reúne um milhão de pessoas nas ruas de Berlim, mas fugi correndo por conta do calor, e à Gay Pride, que estava animada e linda de morrer. Recebi amigos do Brasil e curti momentos preciosos ao lado deles. Conheci a Peaches ao vivo ganhando um belo abraço de uma das minhas grandes musas da música. Comecei um novo projeto em Berlim com o Instituto Amuta ao lado do meu amigo Guima. Rebolei lindamente com o duo Acid Arab num show que há tempos eu queria ver, passei um dia no WHOLE! Festival, onde assisti um show do duo Noporn, que me emocionou muito (eles tocam sábado em Berlim novamente). Ver a Liana cantando em português com toda a energia do mundo naquele fim de mundo da Alemanha fez o meu coração dar piruetas. Também tricotei e ri bastante por lá com um antigo ídolo, o Casey Spooner.
Na lista ficaram pendentes assistir “Barbie” e “Oppenheimer”.
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Mas bora lá ! Chega de enrolação e vamos à lista das 5 coisas mais legais que vi em julho, sendo que algumas já citei acima num lapso de memória sobre a lista:
1) Jonathan Ferr 🎹
Um dos destaques do festival Psicotrópicos foi o compositor e pianista carioca Jonathan Ferr. O show todo foi um grande ritual, um cirandão. Ferr brilha em tudo: No carisma, no figurino, na performance e no talento.
Jonathan Ferr nasceu no bairro Madureira, periferia do Rio de Janeiro. Aos 28 anos largou a profissão de músico de bandas para investir na própria carreira e assim levar o jazz para a favela. Criou um estilo muito próprio ao misturar o hip-hop, R&B e o funk carioca com o jazz, resultando numa sonoridade única que transcende os gêneros tradicionais. O seu show é o que ele afirmou numa entrevista em 2019 “um convite urgente para uma viagem cósmica sem volta para dentro de si mesmo”.
Inspirado por John Coltrane e Sun Ra, ele incorpora elementos do afrofuturismo e rituais xamânicos em sua “música-medicina” como ele a chama. Como diz neste artigo , Jonathan Ferr é o xamã do jazz nacional. Eu concordo!
Em Berlim ele mobilizou a plateia, ensinou a cantar refrões e se viu em meio à verdadeira eferverscência coletiva. A emoção maior veio quando ele nos contou que ligou para o pai ao embarcar no avião para sua primeira turnê europeia. Na conversa, agradeceu ao pai dizendo “olha para onde aquele tecladinho que você me deu está me levando”. Ao desembarcar, ele soube que seu pai tinha falecido neste intervalo. Tem desde então transformado o palco europeu numa grande homenagem ao seu pai.
Jonathan Ferr é gigante! Ouça seu último álbum “Liberdade”, que tem participação de um monte de gente talentosa que orbitam, assim como ele movimentos afrofuturista, ancestral, urbano e espiritual.
2) Depeche Mode: Memento Mori World Tour 🎙️
Já contei aqui, mas caí de paraquedas no show do Depeche Mode, que agora é um duo, por falta de planejamento. Era um domingo calorento com 36 graus em que eu troquei o lago pela espera em casa até a hora de ir para o Estádio Olímpico.
A sorte grande me tirou da arquibancada e me levou para o gargalo do palco onde o show que se assiste é outro.
Dave Gaham e Martin Gore entraram com a banda no palco às 20h45 sob aplausos e vivas entusiasmados. E um pouco de gritaria. “My Cosmo is Mine” entrou pesada, com os sons de sintetizador industrial, e sombria criando uma atmosfera melancólica. Entraram então mais duas músicas do novo álbum criando uma tensão crescente até o público explodir numa energia poderosa quando soltaram os primeiros acordes de “It’s No Good”. A próxima a tirar a audiência do chão foi “Everything Counts”. A essa altura estão todos já estavam entregues dançando e cantando sincronizados.
Apesar da idade, não há o menor sinal de desaceleração da banda no palco. Ao contrário, Gaham se mostra rejuvenescido e continua superperfomático. Ele preenche o palco com sua presença. Segura o pedestal cheio de pose, dança, canta e pula para todos os lados como se estivesse numa aula de aeróbica. Já Gore se mantém mais discreto no fundo do palco até chegar um dos momentos mais emocionantes do show quando, juntos, cantaram “Waiting for the Night” e o estádio se transformou num tapete de luzes de celular com o sol atrás do palco se pondo. O gran finale veio com “Personal Jesus” que esta aqui que vos escreve quase ajoelhou e disse amém.
Foram dois dias de show em Berlim reunindo 80 mil pessoas em cada um deles com ingressos esgotados. Nos dias 13 e 15 de fevereiro, o Depeche Mode retorna à Berlim para tocar numa venue para 17 mil pessoas. Fica a dica.
3) I Inside the Old Year Dying, PJ Harvey
O novo álbum de PJ Harvey, “I Inside the Old Year Dying”, é uma obra onírica belíssima. Ouvi tantas vezes porque me faz sonhar. Concebido inicialmente como uma peça teatral, apresenta uma rica textura de instrumentos folclóricos não tradicionais, eletrônicos primitivos e gravações de campo distorcidas. Harvey se comprometeu a estender sua voz além do limite, trazendo os colaboradores de longa data John Parish e Flood para anulá-la sempre que voltasse a cantar no que agora chama de “minha voz PJ Harvey”.
Harvey se desafia vocalmente, explorando territórios inéditos e evitando a sua característica voz tornando-a ao mesmo tempo inquietante e envolvente. O álbum é uma adaptação de seu livro “Orlam” (2022), uma história épica de realismo mágico escrita no dialeto quase esquecido de Dorset. Na época em que o escreveu, ela se encontrava totalmente desconectada da música e passou a escrever poesia freneticamente, o que desencadeou no livro. Harvey passou a tocar piano todos os dias transformando em melodia as páginas rasbicadas com poesia.
“Eu ia me sentar quietamente e ver o que - se alguma coisa - apareceria”, diz ela. “E demorou muito. Eu realmente me perguntei se encontraria uma nova vocação. Não tinha certeza do que ia fazer. Mas o que eu não estava disposta a fazer era me forçar a ser uma pessoa criativa e possivelmente produzir um trabalho ruim. Eu só tinha que ter certeza de que (a música) ainda era o amor da minha vida.” O que trouxe Harvey de volta da beira do abismo foi a lembrança de uma conversa que tivera com o artista e cineasta Steve McQueen em Chicago, durante a qual ele a encorajou a voltar ao essencial do que ela ama sobre fazer música. “Ao fazer isso, comecei a me apaixonar pela música novamente”, diz ela. - Entrevista dada à Vogue.com
Parece que a desconexão com coisas que a gente ama anda à solta por todos os lugares.
Eu mal posso esperar para vê-la ao vivo, mas perdi a chance de comprar ingresso para vê-la em Berlim. Para mim, PJ Harvey é uma das artistas mais geniais dos nossos tempos e o seu décimo álbum continua sendo a prova disso. E, ao lado, da Patti Smith e Peaches
4) A Vida pela Frente, Émile Ajar / Romain Gari 📚
Em “A Vida pela Frente”, somos levados pelo olhar de Momo (Mohammed), um menino órfão de origem muçulmana, cuja idade, possivelmente dez anos, é tão incerta quanto os detalhes de sua herança familiar. Ele encontra um lar na periferia parisiense com Madame Rosa, uma judia idosa que carrega em sua história as marcas de sua antiga profissão como prostituta e as memórias dolorosas do Holocausto. Sua nova função é cuidar dos filhos das mulheres também prostitutas.
“No começo eu não sabia que não tinha mãe, muito menos que era obrigatório ter uma.” - Momo em “A vida pela frente”
Com uma voz crua, mas ingênua, Momo nos conduz por um labirinto de emoções e observações perpicazes, mesmo que à primeira vista assim não pareça. A complexa mistura de culturas e religiões em seu mundo é explorada sem filtro, e temas como a mortalidade, o envelhecimento, a humanidade o amor e as amarguras de nossa existência são desvendados muitas vezes de uma maneira divertida.
“Na França, os menores são muito protegidos, sendo colocados na prisão quando ninguém cuida deles.” - Momo
“Quando não tem ninguém em volta para amar você, você engorda.” - Momo
“Mas não faço tanta questão de ser feliz, ainda prefiro a vida. A felicidade é um belo de um lixo muito cruel e precisava de alguém que a ensinasse viver.” - Momo
“Nunca vou entender por que o aborto só é autorizado para os jovens e não para os velhos.” - Momo
O fim é um corte seco que nos deixa refletindo sobre ele dias a fio. Ainda sigo nele.
O livro já teve várias adaptações para o cinema. A mais recente, “Rosa e Momo”, no Netflix, é bonita, mas não capta justamente o mais comovente em “A Vida pela Frente”, que é a narrativa e a visão de mundo tão especial de Momo.
5) “A Ridícula Ideia de Nunca Mais te Ver”, Rosa Montero 📕
Tá aí um livro que caiu nas mãos de todo mundo, mas eu demorei para abraça-lo. “A ridícula ideia de nunca mais te ver”, de Rosa Montero, é uma obra híbrida misturando memórias, reflexões e um ensaio biográfico sobre Marie Curie, que ao ficar viúva de Pierre Curie, não apenas enfrentou a dor da perda, mas teve que encarar uma série de desafios e críticas da sociedade da época.
“Deve ser difícil sorrir quando se está sempre tão cansada.” - Rosa Montero
“O tutano dos livros está na esquina das palavras.” - Rosa Montero
Rosa Montero, que também perdeu o marido, toma essa história como ponto de partida para explorar a sua própria experiência de luto, relacionamentos e feminilidade, além de temas como amor e a posição da mulher na sociedade.
“A conexão entre realidade biográfica e ficção é um território ambíguo e pantanoso onde inúmeros autores se meteram.” - Rosa Montero
Gostei muito da forma como Montero entrelaçou a vida de Marie Curie num relato sensível com suas próprias reflexões. Confesso, porém, que as “hashtags” que Montero usa ao longo do livro me incomodaram um pouco. E, com você que leu, foi assim também?
“Encontrar sentido no relato de uma vida é um ato de criação.” - Rosa Montero
“A ridícula ideia de nunca mais te ver” é comovente e de uma beleza ímpar, uma meditação profunda e íntima sobre o ser humano, de lidar com a perda e encontrar significado e propósito em meio ao sofrimento, além de nos dar a oportunidade de mergulhar na biografia de Marie Curie que eu desconhecia. Deixo aqui a dica de uma ótima resenha sobre a obra.
Extra: Taylor Swift: A prensagem errada de “Speak Now (Taylor’s Version)” 💿
Pensei muito se essa seria algo para trazer para essa lista, mas eu a achei tão genial esse erro, que decidi incluir, porque eu ri muito e fiquei obcecada pela história.
Em julho foi lançado o álbum “Speak Now (Taylor’s Version)” e erraram a prensagem do álbum colocando outro no lugar. Um vídeo viralizou no TikTok chamando atenção para o erro em que mostra uma fã confusa rindo ao ouvir sons de “Soul Vine (70 Billion People)” do Cabaret Voltaire e “True Romance” do Thunderhead em vez das faixas de Swift.
Por erro, foi feita prensagem da compilação “Happy Land: A Compendium Of Electronic Music From The British Isles 1992-1996 Vol. 1”, lançada pelo selo Above Board em março e traz músicas de Aphex Twin, Matthew Herbert e The Black Dog.
A versão incorreta já está sendo chamada de “a versão almadiçoada” pelos fãs, mas como li num tweet (não o encontrei): “Finalmente os fãs da Taylor Swift descobriram música boa.” Como disseram no artigo, esse álbum ainda vai valer bastante no Discogs.
Estou com uma lista de coisas para compartilhar que passaram por mim esta semana, mas agora é hora de seguir para um dos meus festivais favoritos, o Way Out West. Antes, porém, deixo aqui uma hilária conversa com o ChatGPT num momento doidão e aviso aos desavisados: A versão 4 está liberada para todos, agora com acesso à web e prompts. Tá uma belezinha só.
Nos vemos semana que vem. Bom fim de semana! É bom estar de volta.
Amiga, acabo de sair de uma pausa longa na newsletter também (amanhã: tem) e compartilho muito dessa sensação. Absolutamente tudo tem o poder de nos sobrecarregar, mesmo coisas boas e escolhas nossas. Interessante saber que outras também estão passando por isso. E o aquecimento global tá puxado demais aqui em sp - fez de 12 e 30 graus nessa semana em poucos dias. Beijos e bom te ler!
Fiquei me lembrando de um outro tempo extra que a gente costuma achar que tem: aquele que sobra e a gente usa pra "adiantar" uma tarefa. Essa situação sempre me pareceu meio paradoxal, porque assim que a gente adianta algo, automaticamente aparece outra tarefa pra ser resolvida no lugar no futuro, fazendo com que o tempo extra também não exista.
Fiquei curiosa com esse livro de ensaios da Le Guinn.