Eu estava refletindo exatamente sobre isso ontem. As pessoas são muito boas em copiar estéticas e seguir o que está na moda, mas poucas são capazes de expressar algo genuíno e verdadeiro. Os tempos atuais deixam as pessoas ansiosas, com pressa — e isso é inimigo da conexão real com o nosso eu mais profundo. É também incompatível com o tempo e o tipo de atenção que as redes sociais exigem, gerando esse caos de superficialidades, disputa por atenção, ansiedade por corpos perfeitos, entre outras coisas, no qual acabamos desconectando de nós mesmos e reproduzindo o que os algoritmos demandam. Belíssimo texto, vou compartilhar. Obrigado!
Obrigada, Celio. Concordo com tudo. O desafio é como a gente fura essa maldita bolha que a maioria de nós se enfiou para viver experiências mais genuínas. E elas estão à nossa volta, só precisamos reaprender a enxergar e a ouvir. Obrigada pela leitura e comentário. :)
Gosto de pensar em quando ainda dividíamos o mundo em on-line e off-line (real), mas hoje ambos se fundiram e o segundo ganhou tanto espaço como “real” que, pra muita gente, a vida rem mais peso nele do que tem no “off-line”. (Tô viajandona)
Eu ando cada vez menos preocupada com os algoritmos,estratégias de marketing, etc. Olha, até mesmo o Substack me dá certa canseira atualmente com suas várias formas de "fazer o público crescer". Sei lá, mesmo sendo minha produção de conteúdo - com exceção da literatura - totalmente "assentada" aqui, parei de tentar entender e dominar as estratégias, pra me concentrar de novo naquilo que quero dizer/escrever.
Nossa, Lalai, você conseguiu pegar várias angústias atuais minhas e colocar de uma forma que eu não seria capaz. Estava pensando em escrever sobre nostalgia também, até por ter sido meu tema de mestrado, mas ainda tenho que digerir algumas coisas para conseguir colocar no papel.
Sobre a IA, tem algo me perturbando muito no cruzamento dela com a nostalgia, que é a proliferação de imagens de IA simulando o passado e tentando parecer reais. Dia desses fui pesquisar no Pinterest imagens de Berlin nos anos 1990 e recebi uma enxurrada de imagens fake. Agora penso no quanto a nossa realidade já está se fragmentando de maneira irreversível (vide o caso da agência que ganhou prêmio importante falsificando uma notícia e uma palestra reais com IA).
Acho a questão da imagem ainda mais preocupante que texto, porque nos dias atuais as pessoas não tem atenção suficiente para ler, mas não conseguimos fugir da imagem, que são cada vez mais geradas artificialmente. DM9 mostrou mesmo da pior maneira possível onde é possível chegar (e já chegamos). Btw, fiquei curiosa em ler sua tese.
É isso. Não só não podemos fugir das imagens, como falta letramento para distinguirmos o verdadeiro do falso. Como comunicadora, tô realmente apavorada com o que pode vir pela frente em termos de falsificação da realidade.
Ah, fico feliz que você tenha se interessado pelo meu tema. Minha dissertação foi um livro reportagem (que eu infelizmente nunca consegui publicar por uma editora) sobre a memória da Alemanha Oriental na Berlim dos dias atuais. Ela tá no repositório da FGV, aqui: https://repositorio.fgv.br/items/110ca895-1959-4eb4-a054-f461dd02c9c0
obrigada por compartilhar, por ler e comentar. Sempre bom vê-la por aqui. Agora precisamos encontrar formas de furar essa bolha artificial que nos enfiamos. Estou aqui tentando furar a minha e, mesmo quando acho que furei, quando distancio, vi que era mais uma simulação. Beijos
O texto da Espiral que mais me representa. E olha que vez ou outra ainda sou arrebatado pela música, mas mesmo nas fronteiras ela está um pouco em loop. Silêncio é ouro. Mas o Cage já sabia disso há quantos anos? Aliás,ouve essa, se já não ouviu :) :https://tidal.com/browse/album/392355149?u
siiim, ele sabia das coisas, né? Pauline Oliveros também... btw, eu sou fã da claire rousay e fui num show dela aqui em Berlim, mas não tinha ouvido ainda esse álbum. Obrigada por indicá-lo. :)
Pauline Oliveros mudou a minha vida lá atrás, acho que depois de ler uma matéria na Wire no começo dos anos 2000. E o som dela me levou a descobiri a piração que é som feito com gamelas na Indonésia. Até hoje vou um pouquinho pra lá quando medito de manhã.
Excelente texto....á algum tempo tive a mesma percepção. E fico feliz que mais pessoas estão percebendo estas coisas que passam imperceptíveis para a maioria.
Li a newsletter "Marmitex" do Paulo Emediato que falou sobre a hipernormalização das coisas, e acho que em alguns pontos casa muito com o assunto trazido por vc. Normalizamos tudo (nós ou o sistema?) tornando tudo uma simulação, até mesmo a arte.
Lalai, obrigado por mais uma edição maravilhosa! A continuação da reflexão ainda me pega muito, pois SP é uma cidade que vive uma crise de identidade, como toda grande cidade do mundo, de não saber o que é mais original, cópia ou qualquer outra coisa. E dicas culturais demais, que ainda trazem insights originais para pensarmos.
Olha a coincidência: acabei de sair de uma exposição intitulada “nada é original”, do Julian Rosefeldt. Vários insights, espero que vire uma continuação desse texto. E, obrigada pela leitura e comentário. 🥰
totalmente Twin Peaks das ideias <3
siim! hahahahaha...
Eu estava refletindo exatamente sobre isso ontem. As pessoas são muito boas em copiar estéticas e seguir o que está na moda, mas poucas são capazes de expressar algo genuíno e verdadeiro. Os tempos atuais deixam as pessoas ansiosas, com pressa — e isso é inimigo da conexão real com o nosso eu mais profundo. É também incompatível com o tempo e o tipo de atenção que as redes sociais exigem, gerando esse caos de superficialidades, disputa por atenção, ansiedade por corpos perfeitos, entre outras coisas, no qual acabamos desconectando de nós mesmos e reproduzindo o que os algoritmos demandam. Belíssimo texto, vou compartilhar. Obrigado!
Obrigada, Celio. Concordo com tudo. O desafio é como a gente fura essa maldita bolha que a maioria de nós se enfiou para viver experiências mais genuínas. E elas estão à nossa volta, só precisamos reaprender a enxergar e a ouvir. Obrigada pela leitura e comentário. :)
Uau! Simplesmente adorei!
🥰🥰🥰
É um alívio ler tudo tão bem sintetizado. Bom demais!
Eu acho desesperador. Hahhahaha ♥️
Tanta ref boa nesse texto!!!
Opa, obrigada pela leitura! ♥️
curioso que o que hoje parece real é justamente o que se passa na interação mediada pela tela.
Gosto de pensar em quando ainda dividíamos o mundo em on-line e off-line (real), mas hoje ambos se fundiram e o segundo ganhou tanto espaço como “real” que, pra muita gente, a vida rem mais peso nele do que tem no “off-line”. (Tô viajandona)
Que honra ser mencionada aqui, trabalho incrível <3
Sou sua fã. 🥳
Eu ando cada vez menos preocupada com os algoritmos,estratégias de marketing, etc. Olha, até mesmo o Substack me dá certa canseira atualmente com suas várias formas de "fazer o público crescer". Sei lá, mesmo sendo minha produção de conteúdo - com exceção da literatura - totalmente "assentada" aqui, parei de tentar entender e dominar as estratégias, pra me concentrar de novo naquilo que quero dizer/escrever.
Sim! Concordo, por isso tenho me preocupado menos com a constância e mais com o que tenho a dizer.
que texto para uma sexta <3
Pena que não é notícia boa. 🫠
amiga texto seu é sempre notícia boa #pollyanna
Nossa, Lalai, você conseguiu pegar várias angústias atuais minhas e colocar de uma forma que eu não seria capaz. Estava pensando em escrever sobre nostalgia também, até por ter sido meu tema de mestrado, mas ainda tenho que digerir algumas coisas para conseguir colocar no papel.
Sobre a IA, tem algo me perturbando muito no cruzamento dela com a nostalgia, que é a proliferação de imagens de IA simulando o passado e tentando parecer reais. Dia desses fui pesquisar no Pinterest imagens de Berlin nos anos 1990 e recebi uma enxurrada de imagens fake. Agora penso no quanto a nossa realidade já está se fragmentando de maneira irreversível (vide o caso da agência que ganhou prêmio importante falsificando uma notícia e uma palestra reais com IA).
Medo dos tempos que virão. 😢
Acho a questão da imagem ainda mais preocupante que texto, porque nos dias atuais as pessoas não tem atenção suficiente para ler, mas não conseguimos fugir da imagem, que são cada vez mais geradas artificialmente. DM9 mostrou mesmo da pior maneira possível onde é possível chegar (e já chegamos). Btw, fiquei curiosa em ler sua tese.
É isso. Não só não podemos fugir das imagens, como falta letramento para distinguirmos o verdadeiro do falso. Como comunicadora, tô realmente apavorada com o que pode vir pela frente em termos de falsificação da realidade.
Ah, fico feliz que você tenha se interessado pelo meu tema. Minha dissertação foi um livro reportagem (que eu infelizmente nunca consegui publicar por uma editora) sobre a memória da Alemanha Oriental na Berlim dos dias atuais. Ela tá no repositório da FGV, aqui: https://repositorio.fgv.br/items/110ca895-1959-4eb4-a054-f461dd02c9c0
Uau, e seu orientador foi o Oliver. Que demais! Vou ler. Obrigada por compartilhar. ♥️
Quero enquadrar esse texto.
"Quando a aparência parece melhor que a realidade, é sinal de que alguma coisa quebrou. "
Estamos todos quebrados, Lalai.
Obrigada por essa reflexão, venho sentindo isso e você explicou como nenhum outro.
Um beijo.
obrigada por compartilhar, por ler e comentar. Sempre bom vê-la por aqui. Agora precisamos encontrar formas de furar essa bolha artificial que nos enfiamos. Estou aqui tentando furar a minha e, mesmo quando acho que furei, quando distancio, vi que era mais uma simulação. Beijos
O texto da Espiral que mais me representa. E olha que vez ou outra ainda sou arrebatado pela música, mas mesmo nas fronteiras ela está um pouco em loop. Silêncio é ouro. Mas o Cage já sabia disso há quantos anos? Aliás,ouve essa, se já não ouviu :) :https://tidal.com/browse/album/392355149?u
siiim, ele sabia das coisas, né? Pauline Oliveros também... btw, eu sou fã da claire rousay e fui num show dela aqui em Berlim, mas não tinha ouvido ainda esse álbum. Obrigada por indicá-lo. :)
Pauline Oliveros mudou a minha vida lá atrás, acho que depois de ler uma matéria na Wire no começo dos anos 2000. E o som dela me levou a descobiri a piração que é som feito com gamelas na Indonésia. Até hoje vou um pouquinho pra lá quando medito de manhã.
essa das gamelas não conheço.... vou procurar
https://paulineoliveros1.bandcamp.com/track/lions-eye-for-gamelan
Excelente texto....á algum tempo tive a mesma percepção. E fico feliz que mais pessoas estão percebendo estas coisas que passam imperceptíveis para a maioria.
todo mundo acordando :)
Li a newsletter "Marmitex" do Paulo Emediato que falou sobre a hipernormalização das coisas, e acho que em alguns pontos casa muito com o assunto trazido por vc. Normalizamos tudo (nós ou o sistema?) tornando tudo uma simulação, até mesmo a arte.
Ah, que bacana. Essa eu não li, mas vou procurar... obrigada pela dica. :)
Eu cheguei ao ponto de detestar tanto a moda atual, que passei a procurar no enjoei peças de roupa que tive quando era novinha.
Lalai, obrigado por mais uma edição maravilhosa! A continuação da reflexão ainda me pega muito, pois SP é uma cidade que vive uma crise de identidade, como toda grande cidade do mundo, de não saber o que é mais original, cópia ou qualquer outra coisa. E dicas culturais demais, que ainda trazem insights originais para pensarmos.
Olha a coincidência: acabei de sair de uma exposição intitulada “nada é original”, do Julian Rosefeldt. Vários insights, espero que vire uma continuação desse texto. E, obrigada pela leitura e comentário. 🥰