Olá, eu sou a Lalai e essa é a Espiral, newsletter semanal dedicada a assuntos aleatórios, desde o meu dia a dia em Berlim à música, arte, cultura, inovação e literatura. Considere apoiar mensalmente a Espiral ou me pague um café para eu tomar nas férias.
Trilha sonora para esta edição: “Life and Death in Paradise”, de Mike Cooper
Comecei a Espiral em março de 2020 com o objetivo de organizar os pensamentos e o turbilhão que é a minha cabeça, compartilhar assuntos que eu curto e, principalmente, praticar a escrita. Desde então, eu passei a consumir mais conteúdo do que me parece humanamente possível para continuar abastecendo a gaveta de ideias e a newsletter.
Comecei a ler livros de maneira frenética, sem ao menos digerir a leitura quando ela termina. Assinei tantas newsletters que mal consigo ler as que eu gosto muito, pois eu abro o email e tenho um ataque de ansiedade ao ver tantas mensagens não lidas. Enquanto eu escrevo esta edição, são 1.238 emails esperando a leitura. Fico deletando as mensagens que não me interessam e vou deixando as que eu quero ler, mas tenho a sensação de que passo mais tempo limpando a caixa de entrada do que lendo o que interessa.
Dei-me conta de que entrei num círculo vicioso que tem feito eu ficar mais tempo na frente do computador do que deveria. Para mim, a escrita funciona de maneira prazerosa se eu tenho vivências coletivas, flano pela cidade e consumo conteúdo além da tela. Eu preciso ir a exposições, shows, cinema e a outros lugares públicos. Eu preciso ver pessoas. Conversar com elas. É dessa maneira que eu aumento o meu repertório, nutrindo assim a minha criatividade.
No último mês eu tive um bloqueio criativo assustador. Fiquei sem assunto! Mexi aqui, mexi ali. Não saiu nada de maneira fácil. E, quando queremos viver de escrever, o bloqueio criativo é luxo. É necessário ferramentas para driblá-lo. Cartas na manga. Fiquei sem nenhuma.
As leituras têm fluído menos do que de costume. Escrever tem sido um processo complexo, às vezes doloroso, não apenas com a newsletter, mas também com as minhas Páginas Matinais. O foco foi comprar cigarros e não voltou.
Eu tenho atribuído esse borrão ao calor, mas não é apenas isso. O meu cérebro está com pane no sistema. Eu preciso reiniciá-lo para que ele volte a funcionar direito. Decidi então me dar férias para esvaziar a mente e liberar espaço para coisas novas. Viver um pouco a vida além do meu quadrado. Arrumar a casa. Enfeitar.
Então peço licença para tirar férias. Retorno no dia 10 de agosto com as 5 melhores coisas de julho.
Nos vemos em breve, mas antes de ir, eu deixo alguns assuntos que andam empilhados ao lado do computador.
You knew
👀 Queria escrever sobre as homenagens feitas à Jane Birkin após a sua morte em que as fotos usadas para homenageá-las são quase todas dela muito jovem, sendo que ela assumia lindamente a idade e as rugas. É uma foto de Birkin atual que estampa o seu perfil no Spotify. O mesmo foi com a Rita Lee e com tantas outras, mas notem que quando os homenageados são homens, como Zé Celso e João Donato, as fotos são, na maioria, atuais. A Michi Provensi divagou um pouco sobre o assunto em “Holograma da Juventude”
🐆 Como uma amiga disse, Berlim é de fato um lugar selvagem. Para provar, temos uma leoa solta na cidade que ninguém sabe de onde veio;
🌈 Assisti e chorei litros com “Close” (2022), no MUBI;
✍🏻 Estou lendo “Escrevendo com a Alma”, de Natalie Goldberg;
😶🌫 Álbum novo do Blur na área: “The Ballad of Darren”. Mal posso esperar para vê-los em poucas semanas;
🎧 Outro álbum lindo que eu recomendo você a ouvir, é “A Trip To Bolgatanga”, do African Head Charge;
🪩 Minha diva Róisín Murphy no Boiler Room em Paris;
📚 São Paulo ganhou uma nova livraria no Bom Retiro, a Aigo;
🎸 O que vocês acharam do line-up do Primavera Sound São Paulo?
⚤ O que é gênero por Judith Butler;
🥽 O
indicou a série francesa de ficcão científica “Vórtex”, no Netflix, e eu abracei. É meio brega, mas estou gostando de como ela está se desenvolvendo;🇩🇪 A newsletter “The Next Day Berlin” continuará sendo publicada semanalmente às quintas-feiras.
Amiga, é importante dar umas paradas. Mas qdo voltar tb considera que a pressão de consumir-entregar TANTO muitas vezes tá vindo de nós mesmas.
Nossa, te entendo tanto! A newsletter como um lugar de tempo mais dilatado muitas vezes é uma ilusão, né? A gente não quer perder nada, assina trilhões de coisas pra ter referências ou relações e não lê um décimo. Se rodeia de abas e anotações para escrever e no fim das contas, nos esquecemos de nós mesmos. De novo. Ainda bem que dá pra pedir licença e respirar. Merecido descanso, querida. Importante saber a hora de parar. Desligue mesmo onde puder e curta seu tempo livre desconectado. Beijos! ♥️